O início de tudo


Desde criança graças à educação me dada pelos meus pais, aprendi o que era partilhar, instruída a dividir meus brinquedos ou mesmo quaisquer guloseimas com meus irmãos,mais tarde com os coleguinhas da escola, este ato sem dúvida nenhuma contribuiu de maneira significativa com o conceito de caridade e partilha dentro de mim.Conforme fui crescendo e observando o mundo a minha volta, passei a compreender a caridade como algo muito mais forte e de extrema necessidade para um mundo melhor.Observava as falas e o comportamento dos adultos quando envoltos por uma revolta diziam:”A fome é culpa do governo, nosso prefeito não faz nada!Onde está o presidente que nada faz pelos pobres da periferia?”A partir daí comecei a me questionar e a me inquietar com essas considerações.Assistia aos noticiários , quantos deles sensacionalistas, divulgavam a notícia, notícia pela notícia para destacarem-se em meio a imprensa , e a solução? Quem se propunha a dar? Nem mesmo alguns daqueles que noticiavam o fato eram capazes de fazer algo concreto para a solução do problema, e isso era o que mais me chamava a atenção.

A parir daí, já no início da minha adolescência ao contrário de muitos jovens desta idade, comecei a participar de um grupo dentro da igreja católica chamado Vicentinos. Lá, aprendi um pouco melhor sobre a caridade, aprendi sobre a vida de São Vicente de Paula e passei a admirar seu comportamento, pois ele lutava em favor dos menos favorecidos, visitando-os com frequência e levando para estes o alimento do corpo e da alma, que se pensarmos bem um é ligado ao outro, quer um exemplo? Um bem simples, que deve ter acontecido com muitos de vocês. “Alguém muito pobre, um ‘mendigo”, mal vestido, sujo, desorientado bate em seu portão lhe pedindo algo para comer, ao negar esta ajuda ,e muitas vezes sendo ríspido com a pessoa você pode estar contribuindo com a fome, e também com a permanência desta pessoa nesta situação, ela talvez continue achando como muitos pensam de si próprio, que não valem nada, que são incapazes a baixo auto-estima pode prevalecer no coração dessa pessoa, é aí que se nega o alimento da alma, o que adianta cobrar dos nossos governantes se não fazemos nossa parte? Acredito sim, que aqueles que governam nosso país devem e precisam fazer algo, mas precisamos que cada um tome suas responsabilidades, todos temos algo a ofertar. Imagine você ao ofertar um prato de comida ou uma palavra amiga , quantos milagres podem acontecer, de repente você pode ser um “anjo” na vida desta pessoa, e a partir daí ela tomar as rédeas de sua vida novamente , buscar força interior para mudar sua vida, é por isso que acredito que o alimento do corpo e o alimento da alma andam de mãos dadas, o ajudado na maioria das vezes, irá se lembrar daquele que lhe estendeu a mão e sentirá vontade de fazer o mesmo pelos outros, formando aí uma grande “liga” do bem.

Neste grupo costumava visitar os doentes, muitas vezes acamados, pessoas com problemas familiares, bebidas, desemprego e outros males que assolam a humanidade e passei a valorizar cada vez mais minha casa, minha família, meu alimento e os poucos amigos que a vida me reservara. Passei a ser grata, até pelas dificuldades que encontrava, dali tentava tirar uma lição. Ao refletir mais um pouco fui me transformando, compreendendo que fazer o bem nos faz bem, quantas vezes você se sentiu feliz por presentear alguém, talvez mais feliz do que aquele que recebeu o presente? Uma sensação inigualável! Sobretudo aprendi no grupo dos Vicentinos que a partir do momento que você oferece alimento do corpo e da alma, você automaticamente está ensinando o “ajudado” a se reerguer, pois São Vicente não se contentava apenas em doar o que necessário fosse para a sobrevivência do povo, mas sim em elevar sua auto-estima a ponto deste retomar sua vida, encontrar um trabalho, ter esperança da cura no caso de certas doenças , enfim, ser inserido por completo na sociedade.

O tempo foi passando, o estudo , o trabalho, e demais atividades, impediram que eu continuasse participando do grupo, porém a necessidade de ofertar continuou a falar alto dentro de mim, ou seja, prossegui ajudando aqueles que de mim precisavam e isso me fazia muito feliz, todavia não completa.Sentia que o que fazia não era nem a metade do que Deus me havia confiado, aí reflexões transbordavam dentro de mim, principalmente porque não sabia ao certo o que fazer e como fazer, apenas me sentia inquieta e ansiosa, foi aí que me ocorreu a ideia de pedir `a Deus que me orientasse. Os dias passavam e aquela situação continuava, mas lá no fundo eu sabia que Deus ouviria a minha prece. E ouviu mesmo! Na noite de natal do ano de 2008, que presente dos céus, senti que realmente poderia ajudar mais, poderíamos ajudar mais, uma vez que nada faço sozinha, poderíamos quem sabe ter um espaço , o qual fosse utilizado em favor dos necessitados, ajudá-los, contribuindo com sua educação, por meio de cursos, palestras, brincadeiras, orientações, ouvir, ensinar a ouvir, a sociedade precisa ouvir , ouvir e executar.Cobrar? Claro que sim, mas a cada um compete a sua parte, todos somos “sócios”, todos podemos fazer um pouquinho. Nossas lutas por um espaço começaram a ganhar força, mas infelizmente nem todos ainda perceberam que podem colaborar, mas ainda não desistimos, pois nada na vida acontece sem grandes lutas, temos que dar tempo ao tempo.Muitos ainda vivem na ignorância acreditando que fazendo pouco não resolverá o problema do mundo, de fato, não resolverá o problema do mundo ,mas amenizará o problema de pelo menos alguns que fazem parte deste mundo, pois se todos pensarem que não poderão resolver os males do mundo, ninguém nuca fará nada e tudo continuará do mesmo jeito. Já observou o trabalho das formiguinhas? Cada uma faz sua parte no formigueiro para o bem de todos, e é assim que devemos agir. Enquanto nosso sonho não é concretizado por completo, decidimos partilhar o que temos com os menos favorecidos e “fechar”esta grande ideia em dois momentos no ano: Na festa das crianças e na festa de Natal, dois grandes eventos os quais me fazem sumir as palavras para narrá-los, de tão emocionantes que são, talvez mais para nós do que para os “ajudados”.O mais legal de tudo é viver para sentir tais emoções, algumas tristes, como uma das mais belas que tive no ano passado que narro agora com muito carinho. Ao acompanhar minha mãe numa comunidade do bairro com o intuito de avisar as famílias acerca do dia e horário da festa de Natal 2010, fomos à casa de uma garotinha chamada Beatriz, quando chegamos em seu portão e perguntamos pela sua mãe , notamos que ela pulava de uma lado para o outro no corredor que dava a porta de entrada, havia uma poça enorme de água, suja e mal cheirosa, perguntamos então o que era aquilo, ele respondeu que a chuva do dia anterior provocara tudo aquilo, dentro da casa tudo estava envolto por lama e sujeira, a mãe dela havia ido na casa da avó buscar desinfetante para limpar toda aquela lama. Fiquei sem palavras, temos tanto e ainda reclamamos! Aquela menina de 13 anos com corpinho e carinha de 9 pulando de uma lado para o outro, como podemos ser tão egoístas? Situações como esta ocorrem todos os dias, no meu bairro, no seu bairro, em outros países, em tudo que é lugar infelizmente, mas volto a dizer, todos nós podemos fazer algo, por mínimo que seja , podemos fazer.Já ouvi muitas pessoas dizerem: “Fulano teve tantos filhos, problema é dele !”De fato , este é outro problema, mas prefiro aqui por enquanto não entrar neste mérito , mas um dia teremos a oportunidade de conversar sobre isso, inclusive com estas famílias, que precisam ser conscientizadas para isso, o mais importante é que ainda assim vale a pena ajudar.

Uma consideração importante a ser feita é sobre o fazer o bem. Algumas pessoas podem até pensar que tudo isso também é sensacionalismo, é para mostrar aos outros o que fazemos, enganam-se! Estes que assim pensam é porque ainda não refletiram sobre a caridade e a partilha,e muito em breve espero que reflitam para poderem compartilhar reflexões e ações conosco, pois ninguém é tão pobre que nada tenha a oferecer. Sejam todos bem vindos ano nosso blog!


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